quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A fofoca não perdoa ninguém... Nem eu.

Quando eu estava no ensino médio, eu adorava ser da parte dos colegas "excluídos" ou "despercebidos". Eu tinha minha turminha sim, mas adorava não ser parte do pessoal descolado, justamente pra ninguém fazer fofoca sobre mim. Claro que havia os olhares "que merda de roupa ela tá vestindo". Sim, era uma merda. Eu não sabia me vestir (nem sei se hoje eu sei), mas eu não ligava pra isso. Eu nunca ia imaginar que com meus vinte e poucos anos eu seria alvo de fofoca. O problema em si não é a fofoca, mas o "olho gordo". E eu, como boa supersticiosa, tenho medo disso aí. Assim: "não vai dar certo ela viajar pra Pindamonhangaba". Pronto, assim começa uma série de eventos pra não dar certo minha viagem, desde a mala perder o zíper, até a máquina não passar meu cartão. Eu até consigo entrar no ônibus, mas a viagem vira um saco. Exagero esse exemplo, sim. E eu nem posso colocar a culpa na pessoa que teve esse tipo de julgamento pra mim, né? Não é racional, certo? Aliás, talvez seja minha culpa. Afinal, eu que deveria não ter contato pra ninguém sobre minha viagem a Pindamonhangaba. Bom, não sejamos hipócrita Ana, você faz fofocas também. Sim. Mas desde uns anos atrás eu estou tentando saber menos da vida alheia. E quando você sai desse ninho enrolado de fofocas a respeito de outras pessoas, você percebe o quão vazio é sentar pra falar que Fulana não deveria ter cortado o cabelo, não combina com ela, ela fez isso pra chamar atenção, ela cortou curto porque virou lésbica? Se Fulana cortou ou não o cabelo, se ela fez isso pra chamar atenção, se ela é lésbica, não é da minha conta. Fulana pode fazer o que quiser com o cabelo dela. Eu não me importo. Espero que Fulana esteja feliz com o cabelo novo, e se ela vier a me perguntar sobre o cabelo, aí sim é que eu vou falar, pra ela, minha opinião. Caso não, que Fulana siga com sua vida. Talvez a melhor maneira pra evitar fofocas/julgamentos/olho gordo seja a discrição. Por um tempo. Percebi que é impossível me manter longe disso tudo. Se você existe, terão sempre pessoas pra te julgar. Então ok, mesmo sendo discreta vão falar sobre mim. E agora? Agora, tome um banho de sal grosso e seja indiferente. Indiferença. Sim. Acho que é isso a grande "simpatia" pra te livrar de olho gordo. "Ana, você fica ridícula de saia grande" Não me importo, saia grande me deixa mais alegre. "Poutz, Ana. Sério que você foi naquele bar que toca aquelas músicas que ninguém gosta" Fui, bebi e fiquei bêbada. "Não acredito que você ficou com esse cara" Não só fiquei como dei pra ele, amiga, beijos. Adotando essa postura de indiferença, acaba que fico parecendo grossa com as pessoas. Quando na realidade, estou é cansada de ter que dar explicações pra pessoas que sequer são íntimas. Vamos lá, cidadãos e cidadõas. Se Fulana não deu abertura pra falar do cabelo dela, por favor, respeitei-na. Ela não quer falar sobre isso, não pergunte. Guarde seus comentários/julgamentos/fofocas/olho gordo pra você. E Fulana, eu não sou ninguém pra te dar conselhos, não sou perfeita (nem pretendo ser), sou incoerente às vezes, mas vamos ser indiferente a tudo isso, certo? Vamos adotar a filosofia da vaca (a.k.a. cagar e andar) e seguir com nossas vidinhas nesse universo maravilhosamente caótico.

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