segunda-feira, 1 de junho de 2015

O que aconteceu quando fiquei uma semana sem fazer drama!

Bom dia senhorxs! 
Eu deveria ter escrito esse texto há uma semana atrás, mas procrastinei. 

Enfim, de onde surgiu essa de "parar de fazer drama"? 
Assim: o site do Hypeness coloca uns desafios para as pessoas, como por exemplo "uma semana sem comer carne" ou "uma semana sem reclamar". Depois, o pessoa relata a experiência. Quanto ao drama, foi iniciativa minha mesmo.
Mas porque drama? Primeira parte, vamos tentar entrar na minha cabeça um pouquinho. Eu tinha acabado de formar, não tinha perspectiva nenhuma do que fazer, meu pai já não podia me ajudar mais. E o mais foda difícil: pagar contas. 
Segunda parte, o que de fato estava acontecendo. Durante a graduação eu fiz meu curso de Acupuntura (e agradeço imensamente ao universo), então eu tinha um carta na manga pra um início de carreira. Comecei a trabalhar e tive bons resultados com os pacientes. Mas eu ganho pelo tanto que trabalho. Se tenho poucos pacientes, ganho pouco. O contrário também. Logo, existem semanas extraordinárias e de agenda lotada. E existem semanas ociosas. 

Diante de tudo isso, eu só tinha a agradecer. Agradecer pela Acupuntura, pelo trabalho, pela oportunidade, por aqueles que me cederam um lugar para trabalhar. 

Mas não. 

O que eu estava fazendo era algo assim: 
"Tenho mil contas pra pagar, e poucos pacientes. O que fazer? O que fazer? (repita isso por 30 vezes) Como vai ser semana que vem? Que crise é essa que faz ninguém querer cuidar da saúde? Meu cabelo ta caindo, vou ficar careca. Vou ficar careca, sem emprego e com um diploma na mão. Vou ficar careca, sem emprego, e virar pedinte. Quando eu morrer meu corpo vai pra faculdade porque vou virar indigente. Porque universo, eu só quero trabalhar... Porque? Porque?? (Seguido depois de mais diálogos mentais absurdos, perguntas repetitivas, finalizando com uma dor de estômago terrível, alguns dias de insônia, e muita olheira).

Eis que em um dia ocioso, fui mexer no facebook olhar algumas matérias. Uma dizia que em momentos de crise, o que deve ser feito é ter um olhar mais frio e saber enxergar oportunidades.
Foi aí que me toquei. 
Talvez, só talvez, eu deveria parar, olhar pra trás e perceber o quanto as coisas fluíram e estão melhores, ainda que precise melhorar mais. 
Talvez isso seja uma situação normal, e talvez eu deveria parar de dramatizá-la. Vou tentar ficar uma semana sem fazer isso.

E assim começou a semana sem drama.
O primeiro desafio foi saber o que é drama. Então, pra tudo que acontecia, eu tinha que parar e pensar se o que eu ia fazer era drama ou não. Outro desafio era segurar pra não "baixar a drama queen"(nessas horas eu respirava profundamente, várias vezes).

- O paciente X desmarcou.
- Tudo bem, eu ligo pra ele depois (ao invés de "porque? o que eu fiz de errado?")

- O boleto vence dia Y.
- Pffft... tenho 15 dias até lá, consigo pagá-lo (ao invés de "daqui a pouco vão me cobrar e ameaçar a me torturar").

- O que fazer semana que vem?
- Sei lá. Correr, fazer yoga, programar promoções, fazer contatos (ao invés de "deitar em posição fetal e chorar).

Ok. Eu não sou tão dramática assim. Exagerei ao escrever, foi só pra criar uma ideia do que tava acontecendo. Passar essa semana assim foi ficar fria diante de situações ruins e pensar em alternativas para contorná-las. Ao mesmo tempo, foi cansativo ficar pensando em tudo para saber o que é drama, o que não é. Percebi que tenho muito a agradecer. Parece aqueles discursos clichês de auto ajuda, mas é fato. Agradecer mais do que reclamar. Planejar mais, trabalhar mais, estudar mais, agir mais. Devanear menos. 

Próximo desafio: uma semana sem procrastinar. Mas hoje não. Daqui uns dias.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Saúde feminina, quem diria...

Quando estava na graduação (e não faz muito tempo), minhas professoras e orientadoras disseram algo assim "mesmo que você não goste de uma área da fisioterapia, estude e pratique. Quando você sair da faculdade, vai que a área que você menos se interessou é a única que surge pra trabalhar". Dito e feito. Estudando, apaixonei por cardiorrespiratória. O pulmão é lindo, o coração é maravilhoso. A fisiologia cardiorrespiratória é divina. Imagina, controlar o pH sanguíneo por meio da respiração (mecânica, mas ainda assim respiração). Pensava que ao formar, iria fazer uma pós na área ou mesmo uma residência hospitalar. Mas, a vida é um conjunto de "mas, entretanto, todavia, porém"... quem criam a aleatoriedade, o acaso, enfim, essa coisa toda. Esse tipo de pós-graduação exigira um estado financeiro que não existe ainda na minha família, portanto esse plano está no "plano" das ideias. Mas ok. Acontece que, em uma certa clínica de cuidados terapêuticos, estavam sentindo falta de uma mulher para cuidar de mulheres. Eis que nessa "brechinha" me coube! (Até porque nem sou tão grande assim). Saúde da mulher? Saúde feminina? Deuses... Sim, fiz dois semestres de estágio nessa área, e também, claro, aulas teóricas e práticas. Não foi difícil, aliás foi bem tranquilo. Mas nunca pensei que ia seguir por essa área. Não que odiasse, só... sei lá. Acho que nunca me achei mulher o suficiente (socialmente dizendo - e ironicamente também). Eu não posso falar não pra essa oportunidade. Tenho contas a pagar e muitos açaís com lente em pó pra comer. E sushis, não esqueça dos sushis. Indo pro outro lado do assunto: estava eu e meu companheiro fazendo um flyer ou banner (essas coisas de propaganda) com intuito de anunciar que na clínica teria atendimento voltado pra saúde feminina. Tínhamos que pegar uma imagem que expressasse esse cuidado. Mas se você fizer uma pesquisa no google imagens, vai achar mulheres saradas, sem rugas, magras, brancas, com a pele macia. Dei de cara já com duas coisas que odeio: clichês e essa indústria maluca da vaidade. Mas me foi questionado, como você vai atrair clientes? Atrair... que palavra perigosa. Não quero fazer algo que não sei se vai dar certo. Não concordo com esse padrão de beleza absurdo de ser magra, sem estrias, sem celulites, ou gordurinhas. Não, não consigo. Briguei e enchi o saco. Não quero essa imagem. Mas por fim, conseguimos achar uma imagem de uma mulher morena, com corpo em forma, aparentemente saudável, num fundo branco. Clichê? Sim. Mas com clichês eu posso conviver. (Logo vou publicar nas redes sociais da vida). Bom, o que é saúde feminina ou da mulher? Aliás, o que é ser mulher? Já dizia Simone Beauvoir, em uma das principais frases do movimento feminista, "não se nasce mulher, torna-se mulher". Ou seja, a mulher se forma dentro de uma cultura que define seu papel para a sociedade. Ser mãe, cuidar dos filhos, ser "feminina", se depilar, se arrumar... (Me corrijam se meu pensamento estiver errado). Acontece que, sim: existem diferenças biológicas entre homens e mulheres. Mas essas diferenças devem se tornar também sociais? Eu sei que meu corpo é preparado para gerar um filho, mas e se eu não quiser gerar uma criança? Sei que tenho pouca força física, mas isso me torna frágil? E ainda, por não ter força física, devo baixar minha cabeça e seguir do jeito que meu marido gostaria, pra que eu não apanhe? Não! Temos um papel frente a sociedade, claro. Não porque somos mulheres, mas porque somos seres humanos. Nosso papel, seja homem, mulher, transexual, gays, lésbicas, se chama respeito. Bom, porque existe a saúde da mulher? Se vocês procurarem, no SUS existe a política nacional da saúde da mulher. Não sei se conseguirei expressar corretamente, mas temos nossas razões biológicas pra termos cuidado. Câncer de mama, de colo de útero, além é claro de gravidez de risco e enfim. Por razão do grande número de mortes por essas causas, nada mais justo do que criar um plano de cuidado para mulheres. Lembrando também que existe a política nacional da saúde da criança, idoso e mais recentemente saúde do homem. Então senhoras e senhores, pra quem acha que esse negócio de feminismo visa só a mulher, vocês estão enganados. Visam a igualdade de gênero e cuidados com o homem também, por exemplo a licença paternidade, a não-obrigatoriedade do alistamento militar (mas vamos deixar isso pra outra hora). Estou querendo chegar no seguinte: mulheres precisam de cuidado. Sim. E pretendo cuidar. Quero visar a atenção a depressão, questões hormonais, ansiedade, tpm, cólicas, incontinência urinária, climatério (menopausa), e me arrisco ainda a partir pra questão da sexualidade. Emagrecimento e estética? Sim, mas com alguns poréns. Por exemplo, existe a "mulher gordinha" que é esteriótipo dela ser assim, mas que não tira a beleza de ser quem é. E existe também obesidade. Conseguem entender a diferença? Vou finalizar esse texto (que sai e volta do assunto, e nem me importo. Não é como se fosse uma coluna pra uma revista), dizendo que, sou contra a ditadura do padrão estético, sou feminista sim, meu foco - por agora - será atenção a mulher, mas não recuso a atender homens, transexuais, homossexuais, ou seja, pessoas. Pretendo ficar ryca sim e viajar muito, comer sushi e tomar açaí com leite em pó.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Caos

Formei. TRABALHO. Pagar contas. Sempre to com fome. Sempre to com sono. Preciso estudar. PRECISO TRABALHAR. Porque açaí tem que ser tão caro. PORQUE SUSHI TEM QUE SER CARO. Acupuntura. Material. Foco. Para de procrastinar! Frio na barriga. Você está por sua conta agora. E se não der certo? E se? É sério que as pessoas pagam R$80,00 (pra mais) por uma maquiagem e reclamam de pagar R$50,00 por uma sessão de acupuntura? Minhas unhas estão com cara de glamour decaído. Até que eu gosto de São Bento. Meus cartões ficaram prontos! Preciso de pacientes. Preciso de clientes! Preciso de pessoas. Preciso de pessoas mesmo? Precisa, você trabalhar com isso. Você trabalha com suas mãos. Que o Universo abençoe suas mãos. Mas faça as unhas por favor. E seu cabelo ta muito seco, hidrate. Seu quarto não vai arrumar sozinho. Porque Shiva não pegou a mesma cabeça de humano de Ganesha ao invés de arrumar uma de elefante. Acabei de pegar um pernilongo com a mão. Tenho muita bochecha, atrapalha a respirar se dormir de lado às vezes. Atendi minha primeira paciente com acupuntura. E se não funcionar? Você fez certo? Segui tudo que aprendi. Mas já tinha atendido outro que havia fraturado o punho, sem agulhar, só mão. Mão. Que coisa louca ajudar pessoas só com as mãos. Toque. Respiração. Qual a necessidade do vizinho colocar o som tão alto? É pra preencher o vazio da mente. Odeio essas músicas que grudam na cabeça. Para de procrastinar! Sushi com cream chease. Esse sapato preto estraga o esmalte da unha. Contas pra pagar. Porque meu pai sempre some? Porque meu pai sempre foge? Detesto quando as pessoas fogem de discutir algo. O que eu vou fazer com meu vestido de formatura. TRABALHO. Pacientes. Paciência. Preciso de paciência. Mas as contas não têm paciência. Já pensou nos erros de português que você cometeu neste texto. Não são tão horríveis assim. Meu nome não é só Ana Strojake. É Ana Carolina Strojake dos Reis. Não existe outra Ana Strojake do mundo. Preciso falar com meus avós. Preciso visitá-los. Preciso melhorar meu inglês. Quão difícil é alemão? Quão difícil é francês? Noruega é o país mais preparado pra mudanças climáticas. Queria que chovesse um mês direto. As roupas secam atrás da geladeira. E essa seca maluca? O pessoal do governo não tem medo do kharma? Como conseguem dormir sabendo que muita gente poderia estar bem melhor sem essa corrupção. Não adianta falar que a culpa é da Dilma. Se estivesse o Aécio no poder ia ser a mesma porcaria. Lembre de Alien vs Predador. Não importa que vence, nós que perdemos. Antes de corrigir o mundo dê três voltas na sua casa, já dizia aquele provérbio chinês. Antes de corrigir o mundo dê três voltas na sua casa. Antes de corrigir o mundo. Definitivamente, preciso melhorar. Tai Chi. Preciso seguir o que falo. Preciso ser mais coerente. Não sou tão hipócrita assim. Não seja estúpida. Não seja estúpida. Não seja estúpida. Você já foi muito estúpida. O sentido do universo é que ele não faz sentido algum. Tudo é caos. Tudo é ordem. Yin e Yang. Mãos. Que o Universo abençoe minhas mãos. São as mesmas mãos que estão digitando esse texto absurdo. Que o universo abençoe todas as mãos.